Quem é Jesus? Ele pode ser Deus?

Jesus Cristo é a figura central do Cristianismo e uma das personalidades mais influentes da história. Mas quem é Jesus? Historicamente, Jesus de Nazaré foi um pregador judeu do século I d.C., na região da Judeia (atual Palestina), que ganhou seguidores ao ensinar sobre o Reino de Deus e realizar obras impressionantes chamadas de milagres. Ele foi executado por crucificação sob a autoridade do governador romano Pôncio Pilatos por volta do ano 30 d.C , porém seus discípulos afirmaram que ele ressuscitou no terceiro dia após a morte, evento que deu origem à fé cristã.

Do ponto de vista teológico, os cristãos creem que Jesus é o Filho de Deus encarnado – Deus em forma humana. Ou seja, embora humano, Jesus também teria a natureza divina, sendo adorado como Senhor e Deus. Essa crença de que Jesus Cristo é Deus aparece no próprio Novo Testamento e na tradição cristã. Segundo o pastor e escritor Caio Fábio, porém, enxergar Jesus como Deus não é algo que se alcance apenas por lógica ou imposição religiosa, mas sim por uma revelação espiritual e pessoal. Ele encoraja quem busca compreender Jesus a conversar com Ele em oração e sinceridade, pois Jesus é o Cristo. “Ele é vivo. Ele É Deus. Portanto, fale com Ele. Ele dá o jeito Dele de se revelar a você” Em outras palavras, para esse pensador, conhecer realmente quem é Jesus Cristo envolve uma experiência de fé, onde Jesus se revela ao coração sincero – sem obrigar ou condenar dúvidas honestas. 

 

Além de sua identidade divina, Jesus também é chamado de “Cristo”, palavra grega que significa Messias ou Ungido. Esse título reflete a crença de que Ele é o salvador prometido nas Escrituras judaicas. Até o nome “Jesus” carrega significado: vem do hebraico Yehoshua (via aramaico Yeshua e grego Iesous), e significa “Javé é salvação” ou “o Senhor salva”. Ou seja, o próprio nome de Jesus Cristo indica sua missão de trazer a salvação de Deus ao mundo. 

 

A seguir, vamos mergulhar na vida de Jesus – seus principais eventos, ensinamentos e perguntas comuns sobre Ele – com uma abordagem histórica, teológica e espiritual. Abordaremos desde o início de seu ministério (batismo e tentação), passando por seus milagres e discípulos, até os eventos da crucificação e ressurreição. Também traremos reflexões inspiradoras, incluindo insights do pastor Caio Fábio, para entendermos não apenas os fatos, mas o significado espiritual de quem é Jesus. 

O significado do nome Jesus Cristo

Como mencionado, Jesus significa “Deus salva”. Esse nome foi dado pelo anjo antes mesmo de seu nascimento, conforme a tradição bíblica (Mateus 1:21), indicando que Ele salvaria seu povo de seus pecados​. Já Cristo não é sobrenome, mas um título – vem do grego Christós, equivalente ao hebraico Mashiach (Messias), que quer dizer “Ungido”. Na cultura judaica antiga, “ungido” se referia a reis, profetas ou sacerdotes escolhidos por Deus, e especialmente ao Messias prometido, um libertador esperado. Assim, “Jesus Cristo” significa “Jesus, o Messias (Ungido) salvador”. Este nome/título resume a fé cristã de que Jesus é o enviado de Deus para redimir a humanidade.  

Além disso, Jesus é chamado por muitos outros títulos ao longo dos evangelhos – como Filho de Deus, Filho do Homem, Senhor, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, etc. Cada título revela um aspecto de quem Ele é. Por exemplo, Filho do Homem enfatiza sua identificação com a humanidade, enquanto Filho de Deus destaca sua origem divina. Para os cristãos, todos esses nomes apontam para a realidade de que em Jesus habita tanto a plena humanidade quanto a plena divindade.  

O Batismo de Jesus

Antes de iniciar seu ministério público, Jesus passou pelo batismo nas águas do rio Jordão. Ele foi batizado por João Batista, um profeta que pregava arrependimento. Conforme os Evangelhos, durante o batismo ocorreu um sinal marcante: o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba, enquanto uma voz do céu declarava: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Esse momento marcou oficialmente o início da missão pública de Jesus.

 

Mas por que Jesus, que segundo a fé cristã não tinha pecados, quis ser batizado? Ele mesmo disse a João que era “para cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15). Ou seja, Jesus se submeteu humildemente a um rito de purificação não porque precisasse, mas para se identificar conosco, seres humanos pecadores, e validar o ministério de João Batista. O batismo de Jesus também serviu para revelá-lo publicamente como Filho de Deus – a voz divina e a descida do Espírito foram uma confirmação de sua identidade messiânica. Nesse ato vemos a Trindade em ação: o Filho é batizado, o Espírito desce sobre Ele e o Pai fala dos céus.

 

Em resumo, o batismo de Jesus simboliza sua consagração e o início de sua jornada messiânica. Dali em diante, Ele começaria a anunciar que o Reino de Deus havia chegado, chamando pessoas ao arrependimento e manifestando o amor divino através de ensinamentos e milagres. 

A tentação de Jesus no deserto

Logo após ser batizado, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, onde enfrentou tentação. Durante 40 dias, Jesus jejuou e ali foi tentado pelo Diabo em três situações (Mateus 4:1-11, Lucas 4:1-13). As tentações de Jesus testaram sua fidelidade e missão de maneiras diferentes: 

Tentação do pão

Após o longo jejum, Satanás sugeriu que Jesus transformasse pedras em pão. Jesus respondeu com as Escrituras: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus” (Lucas 4:4), recusando usar seu poder para benefício próprio e afirmando confiança na providência do Pai.

Tentação do pináculo do Templo

Satanás levou Jesus ao ponto mais alto do Templo em Jerusalém e incitou-o a se jogar, citando a Bíblia que anjos o protegeriam. Jesus replicou: “Não tentarás o Senhor teu Deus”, rejeitando testar Deus ou buscar fama através de um milagre espetacular (Lucas 4:9-12).

Tentação dos reinos do mundo

Por fim, Satanás mostrou-lhe todos os reinos e sua glória, oferecendo entregar tudo a Jesus se Ele o adorasse. Jesus ordenou que o Diabo se retirasse, declarando: “Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a Ele servirás” (Lucas 4:5-8). Assim, recusou qualquer atalho de poder que não passasse pela obediência a Deus.

Jesus saiu vencedor dessas provações, permanecendo sem pecado. A tentação de Jesus tem grande significado espiritual: mostra que Ele, embora Filho de Deus, experimentou plenamente a fraqueza e os desafios humanos, porém sem ceder ao mal. Com isso, tornou-se capaz de compreender nossas lutas. Como ensina a Bíblia, “temos um sumo sacerdote (Jesus) que, como nós, foi tentado em todas as coisas, mas sem pecar” (Hebreus 4:15). Sua vitória sobre a tentação também preparou o terreno para seu ministério – Jesus demonstrou que escolheria o caminho da obediência e do serviço humilde, não dos milagres para autopromoção ou do poder político, para cumprir sua missão como Messias. 

Milagres de Jesus Cristo

Durante aproximadamente três anos de ministério, Jesus realizou muitos milagres – obras extraordinárias que impactaram multidões. Os Evangelhos narram diversos tipos de milagres feitos por Ele: curas de enfermos, expulsão de espíritos malignos, prodígios sobre a natureza (como acalmar tempestades) e até ressuscitar mortos. Estes eventos não eram simples demonstrações de poder, mas tinham propósito espiritual: apontar para quem Jesus era (o Filho de Deus, o Messias) e manifestar a compaixão de Deus pelos sofrimentos humanos​.

 

Os milagres despertaram fé em muitos seguidores – “Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (João 2:11). Ao mesmo tempo, provocaram oposição de líderes religiosos que viam em Jesus uma ameaça. A seguir, responderemos perguntas comuns sobre os milagres de Cristo.  

Qual foi o primeiro milagre de Jesus?

O primeiro milagre de Jesus, segundo o Evangelho de João, ocorreu em um casamento em Caná da Galileia. Nessa festa de bodas, o vinho servido aos convidados havia acabado cedo, o que seria um grande constrangimento para os noivos. Então Jesus, atendendo a um pedido de sua mãe Maria, transformou água em vinho – e não qualquer vinho, mas um vinho de excelente qualidade. Ele mandou que enchessem de água seis grandes talhas de pedra, e em seguida aquela água foi servida ao mestre-sala da festa, já convertida em vinho saboroso. Todos ficaram maravilhados, pois normalmente o melhor vinho era servido no início e o inferior depois, mas naquele casamento o melhor veio por último (João 2:1-11).    

Esse milagre, além de socorrer os noivos, teve um sentido simbólico profundo. Foi realizado em um contexto de alegria (uma celebração de casamento), não de urgência trágica, o que mostra que Deus também se importa com nossas alegrias e necessidades cotidianas. Muitos estudiosos veem nele um “sinal” apontando para algo maior: a água das purificações judaicas que Jesus converte em vinho pode representar a antiga religião sendo transformada pela nova aliança em seu sangue. De fato, o vinho se tornaria símbolo do sangue de Cristo derramado na cruz, que traz alegria e salvação. Assim, no seu primeiro milagre Jesus “manifestou a sua glória” e deu um vislumbre da renovação que Ele veio trazer​. Seus discípulos, ao presenciarem esse sinal, creram nele de forma ainda mais firme. 

Quantos milagres Jesus fez?

Não é possível afirmar um número exato de milagres de Jesus, pois os Evangelhos não pretendiam catalogar todos. Eles relatam dezenas de milagres específicos – cerca de 35 a 40 eventos distintos, dependendo de como contamos (alguns relatos paralelos ou casos duplos). Uma fonte resume pelo menos 40 milagres realizados por Jesus registrados na Bíblia. Esses incluem curas (cegos, paralíticos, leprosos, surdos, febres, etc.), exorcismos, controle da natureza (andar sobre as águas, multiplicação de pães e peixes, transformação da água em vinho, acalmar a tempestade) e ressurreições (como a da filha de Jairo, do jovem de Naim e de Lázaro).

 

É importante notar que Jesus certamente realizou muito mais milagres além dos narrados. O apóstolo João comenta em seu Evangelho que Jesus fez “muitas outras coisas” e sinais na presença dos discípulos, “que não estão escritos neste livro”, e que seria impossível escrever tudo (João 20:30-31, 21:25). Ou seja, os Evangelhos selecionam alguns milagres representativos para transmitir a mensagem central: provar que Jesus é o Filho de Deus e que crendo nele temos a vida eterna.

 

Os milagres de Jesus não eram truques para impressionar – tanto que Ele muitas vezes pedia discrição às pessoas curadas. Em vez disso, eles tinham objetivos como: demonstrar compaixão (ele se comovia com os sofrimentos e agia para aliviá-los), autenticar sua mensagem (mostrando a autoridade divina de seu ensino) e sinalizar aspectos do Reino de Deus (cada cura ou libertação era um vislumbre do mundo restaurado por Deus, sem dor nem mal). Em resumo, Jesus fez incontáveis milagres, e os Evangelhos registram os principais para que reconheçamos nele o Salvador divino.

 

(Para facilitar, segue uma tabela resumo com alguns dos principais milagres de Jesus e suas referências bíblicas:)

 

Milagre de Jesus

Referência Bíblica

Transformação da água em vinho

João 2:1-11

Cura de um leproso

Mateus 8:1-4; Marcos 1:40-45

Multiplicação de pães e peixes (5 mil)

Mateus 14:15-21; João 6:1-14

Jesus anda sobre as águas

Mateus 14:22-33; João 6:16-21

Acalmando a tempestade no mar

Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25

Ressurreição da filha de Jairo

Marcos 5:35-43; Lucas 8:49-56

Cura de um cego de nascença

João 9:1-12

Ressurreição de Lázaro (quatro dias morto)

João 11:1-44

Cura de dez leprosos de uma vez

Lucas 17:11-19

Expulsão de demônios (Gerasa/Gadara)

Marcos 5:1-20; Lucas 8:26-39

Obs.: Esta é apenas uma seleção ilustrativa. Os Evangelhos registram muitos outros milagres, e cada autor enfatiza alguns conforme seu propósito.

Como podemos ver, os milagres de Jesus Cristo abrangeram diversas áreas – saúde física, libertação espiritual, provisão de necessidades e até vitória sobre a morte. Para os cristãos, isso demonstra que Ele tem autoridade sobre toda a criação: sobre doenças, natureza, espíritos e a própria morte. Esses sinais fortalecem a convicção de que Jesus era mais que um homem comum – eram evidências de sua natureza divina e do amor de Deus agindo por meio dEle. 

Os discípulos de Jesus

Jesus não realizou sua missão sozinho. Ele escolheu e chamou um grupo de seguidores próximos, conhecidos como discípulos ou apóstolos, para aprender com Ele e dar continuidade ao seu trabalho. De uma multidão maior de discípulos, Jesus selecionou doze apóstolos específicos, simbolizando uma “nova Israel” (em paralelo às doze tribos). Esses 12 discípulos de Jesus eram homens comuns – pescadores, um cobrador de impostos, um revolucionário zelote, etc. – que tiveram suas vidas transformadas ao conviverem com Cristo. 

Qual o nome dos 12 discípulos de Jesus?

Os nomes dos doze apóstolos aparecem nos Evangelhos (Mateus 10:2-4, Marcos 3:16-19, Lucas 6:14-16). São eles:

 

  1. Simão Pedro – também chamado somente de Pedro. Antes um pescador da Galileia, tornou-se líder entre os apóstolos.
  2. André – irmão de Pedro, também pescador e primeiro discípulo a seguir Jesus.
  3. Tiago, filho de Zebedeu – chamado Tiago Maior, irmão do apóstolo João; ambos apelidados por Jesus de “filhos do trovão” pela paixão que demonstravam.
  4. João, filho de Zebedeu – irmão de Tiago Maior, pescador jovem que se tornou “o discípulo amado”. Autor do quarto evangelho e de outras cartas bíblicas segundo a tradição.
  5. Felipe – natural de Betsaida (mesma cidade de Pedro e André); levou seu amigo Natanael a Jesus.
  6. Bartolomeu – geralmente identificado com Natanael, que aparece no Evangelho de João. Provavelmente era o mesmo pessoa com dois nomes.
  7. Tomé – também chamado Dídimo, famoso por ter duvidado da ressurreição até ver Jesus ressuscitado (daí a expressão “Tomé, o incrédulo”).
  8. Mateus – antes chamado Levi, era um cobrador de impostos (publicano) quando foi chamado. Tradicionalmente visto como autor do Evangelho de Mateus.
  9. Tiago, filho de Alfeu – chamado de Tiago Menor para distingui-lo do outro Tiago. Pouco se narra dele nos Evangelhos.
  10. Judas Tadeu – também chamado apenas Tadeu ou Judas, filho de Tiago (em algumas listas aparece como Lebeu ou Tadeu). Não confundir com o outro Judas (Iscariotes).
  11. Simão, o Zelote – às vezes chamado Simão Cananeu. “Zelote” indica que ele provavelmente pertencera aos zelotes, um grupo judeu revolucionário anti-romano.
  12. Judas Iscariotes – o discípulo que depois trairia Jesus, entregando-o às autoridades.
 

Após a morte de Judas Iscariotes, os demais apóstolos escolheram Matias para ocupar seu lugar no grupo dos Doze (Atos 1:26). Mais tarde, outro importante discípulo foi Paulo de Tarso, considerado “apóstolo dos gentios”, embora não fizesse parte dos doze originais.

 

Os doze discípulos tinham personalidades diversas e nem sempre compreenderam plenamente Jesus durante seu convívio. Ainda assim, foram testemunhas oculares de seus ensinamentos e ressurreição, e após a descida do Espírito Santo no Pentecostes, tornaram-se líderes da Igreja primitiva, anunciando o evangelho pelo mundo. 

Como morreram os discípulos de Jesus?

A maioria dos apóstolos de Jesus enfrentou perseguição e morte violenta por causa da fé, conforme registros históricos e a tradição cristã. Tirando Judas Iscariotes, que teve um fim trágico por seu próprio ato (falaremos adiante), e João, que morreu idoso de morte natural, os relatos indicam que “todos os demais apóstolos morreram martirizados”. Eis um resumo tradicional de como morreram alguns dos discípulos:

 

  • Pedro (Simão Pedro): Foi crucificado em Roma durante as perseguições do imperador Nero. Sentindo-se indigno de morrer da mesma forma que seu Mestre, pediu – segundo a tradição – para ser crucificado de cabeça para baixo.
  • André: Teria sido martirizado na Grécia, amarrado a uma cruz em forma de “X” (hoje conhecida como “cruz de Santo André”) e pregando aos espectadores até falecer.
  • Tiago Maior (filho de Zebedeu): Foi o primeiro dos apóstolos a ser morto. A Bíblia relata que o rei Herodes “mandou matar à espada Tiago, irmão de João” (Atos 12:2), por volta do ano 44 d.C. – provavelmente decapitado.
  • João (filho de Zebedeu): Único dos doze que não foi executado. Segundo a tradição, ele enfrentou perseguição (há relatos de que sobrevivera a uma tentativa de martírio em óleo fervente), foi exilado na ilha de Patmos e morreu de idade avançada em Éfeso, já no final do século I.
  • Tiago Menor (filho de Alfeu): Relatos antigos afirmam que Tiago, que liderou a igreja em Jerusalém, foi apedrejado até a morte por autoridades judaicas devido à sua fé em Cristo. (Alguns confundem este Tiago com Tiago, irmão de Jesus).
  • Filipe: Conforme algumas fontes, morreu de forma natural, mas outras tradições dizem que foi crucificado ou martirizado na Ásia Menor.
  • Bartolomeu (Natanael): Teria pregado em regiões distantes como a Armênia e sido executado de forma brutal – tradições falam que foi esfolado vivo e decapitado por autoridades locais hostis ao cristianismo.
  • Tomé: Segundo fortes tradições, viajou até a Índia levando o Evangelho e lá foi transpassado por lanças, morrendo como mártir em Mylapore (atual Chennai).
  • Mateus: Há versões diferentes – algumas dizem que ele foi martirizado (morto à espada) na Etiópia, outras que morreu de morte natural após pregar em várias regiões.
  • Judas Tadeu: Pouco se sabe; tradições sugerem que pregou na Síria e Pérsia e foi martirizado junto com Simão Zelote nessas regiões.
  • Simão, o Zelote: Também há relatos conflituosos. Uma tradição diz que ele foi serrado ao meio na Pérsia; outra, que morreu crucificado ou martirizado na Palestina durante perseguições do imperador romano Domiciano.
  • Judas Iscariotes: Este merece menção separada. Judas foi o discípulo que traiu Jesus e, consumido pela culpa, acabou morrendo pouco depois. O Evangelho de Mateus relata que Judas, arrependido, tentou devolver as moedas da traição e em seguida se enforcou (Mateus 27:3-5). O livro de Atos menciona que ele morreu em uma queda num campo (Atos 1:18), possivelmente referindo-se ao mesmo suicídio de forma figurada. De todo modo, Judas não viveu para ver a ressurreição nem se juntou aos demais apóstolos na missão, tendo um fim trágico.

 

É importante frisar que essas descrições além do que está na Bíblia vêm de escritores da Igreja primitiva (como Eusébio, Orígenes, etc.) e tradições locais. Embora não tenhamos provas históricas detalhadas para cada morte, a forte convicção dos primeiros cristãos era de que os apóstolos selaram com sangue o testemunho sobre Cristo. Essa disposição de enfrentar o martírio é frequentemente citada como evidência da sinceridade de sua fé – eles não negaram Jesus, mesmo diante da morte, pelo contrário, entregaram a vida proclamando que Ele estava vivo (ressuscitado) e era o Senhor.

 

Assim, dos doze apóstolos, a maioria morreu como mártires pela causa de Jesus. Somente João morreu em velhice, e Judas Iscariotes se excluiu da missão. A história dos discípulos nos inspira por mostrar pessoas imperfeitas que, transformadas por Jesus, levaram adiante sua mensagem com tanta convicção a ponto de sacrificar a própria vida.  

A traição de Judas e a negação de Pedro

Dois episódios marcantes envolvendo discípulos durante a paixão de Cristo são a traição de Judas e a negação de Pedro. Esses eventos revelam fraquezas humanas – a traição deliberada de um seguidor e o medo levando outro a negar que conhecia Jesus – mas também trazem lições importantes.  

Como Judas traiu Jesus?

Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos, foi o responsável por trair Jesus e entregá-lo aos seus inimigos. Os evangelhos contam que Judas, motivado possivelmente por ganância, decepção ou influenciado por Satanás, foi aos líderes religiosos judeus (chefes dos sacerdotes) e barganhou um preço para entregar Jesus discretamente. Eles concordaram em pagar trinta moedas de prata a Judas (Mateus 26:14-16). Esse valor cumpria, simbolicamente, uma profecia de Zacarias sobre avaliar um pastor em trinta moedas.

Na noite da Última Ceia, Jesus já sabia da traição iminente e indicou sutilmente que seria Judas (ao molhar o pão e dar a ele; João 13:26-27). Após a ceia, no Jardim do Getsêmani, Judas guiou uma turba de guardas enviados pelos sacerdotes e apontou Jesus para eles através de um sinal combinado: um beijo. Ele saudou Jesus com um beijo no rosto – um gesto normalmente de amizade – que serviu para identificá-lo no escuro para os guardas o prenderem. Essa cena dramática ficou conhecida como “o beijo de Judas”. Ao ser abordado, Jesus ainda chama Judas de “amigo” (Mateus 26:50), num triste contraste entre a lealdade esperada e a traição cometida.

 

Após Jesus ser preso, Judas foi tomado pelo remorso. Ele tentou desfazer o ato: voltou aos sacerdotes, disse “Pequei, traindo sangue inocente”, e atirou as moedas no chão do Templo. Contudo, já era tarde; Jesus estava condenado. Desesperado e sem esperança de perdão, Judas acabou por tirar a própria vida, enforcando-se. Os sacerdotes usaram as moedas para comprar um campo de oleiro (chamado Campo de Sangue) onde Judas morreu.

 

A traição de Judas cumpre as Escrituras (foi predita que o Messias seria traído por um amigo íntimo, Salmo 41:9) e serve de alerta sobre o perigo do amor ao dinheiro e da falta de arrependimento verdadeiro. Diferente de Pedro, que veremos a seguir, Judas não buscou o perdão de Deus – ele se afundou na culpa sem crer na misericórdia. Ainda assim, sua traição fez parte dos eventos que levaram Jesus à cruz, o que, paradoxalmente, resultou no bem maior da redenção. Em suma, Judas traiou Jesus por trinta moedas de prata e com um beijo, entregando-o aos guardas, e sua história terminou em tragédia e remorso. 

Quem negou Jesus?

Outro episódio doloroso foi a negação de Jesus pelo apóstolo Pedro. Pedro (também chamado Simão Pedro) era um dos discípulos mais próximos de Jesus e havia prometido lealdade até a morte. Contudo, na noite em que Jesus foi preso, Pedro falhou em cumprir sua promessa devido ao medo.

 

Após Jesus ser levado pelos guardas, Pedro seguiu à distância até o pátio da casa do sumo sacerdote onde ocorria um julgamento preliminar. Lá, enquanto se aquecia junto a outras pessoas perto de uma fogueira, três vezes confrontaram Pedro dizendo que ele era um dos seguidores de Jesus. Assustado com a possibilidade de ser preso também, Pedro negou veementemente conhecê-lo em todas as três ocasiões. Chegou até a jurar e praguejar afirmando “Não conheço esse homem!” (Marcos 14:71). Imediatamente após a terceira negação, um galo cantou – cumprindo as palavras proféticas de Jesus que dissera, horas antes, que “antes que o galo cante, três vezes me negarás”. Ao ouvir o galo, Pedro lembrou-se do que Jesus havia falado e ficou profundamente arrependido, “chorando amargamente” pela sua fraqueza (Lucas 22:60-62).

 

Portanto, Pedro negou Jesus três vezes naquela madrugada de julgamento, por medo e choque. Contudo, diferentemente de Judas, Pedro se arrependeu sinceramente e foi restaurado. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e, em um belíssimo momento narrado em João 21, perguntou três vezes a Pedro “Tu me amas?”, dando a ele a chance de reafirmar seu amor e compromisso três vezes – apagando, por assim dizer, as três negações. Jesus então confirmou Pedro na liderança, dizendo “Apascenta as minhas ovelhas”. Pedro seguiu adiante e tornou-se um dos principais pregadores do Evangelho, corajosamente testemunhando de Cristo (vide Atos dos Apóstolos) e, como vimos, acabaria dando a vida por Ele.

 

Em suma, quem negou Jesus foi o apóstolo Pedro, por três vezes na noite da prisão. Sua história, porém, não termina na negação: ela se transforma em exemplo de arrependimento e perdão. Pedro descobriu que mesmo após falhar, podia ser restaurado pela graça de Jesus. Isso nos lembra que todos estamos sujeitos a fraquezas, mas o amor de Cristo oferece perdão e novas chances àquele que se volta a Ele de coração contrito.  

A morte de Jesus Cristo: crucificação e eventos da paixão

O clímax da história de Jesus é sua morte na cruz, seguida por sua ressurreição. Os eventos da chamada Paixão de Cristo – que englobam desde sua prisão, julgamentos, sofrimento até a crucificação – respondem a várias questões frequentes: Quem matou Jesus? Por que o mataram? Quem o ajudou no caminho do Calvário? Em que momento do dia Ele morreu? Examinemos cada uma delas. 

Quem matou Jesus?

instigadas pela liderança religiosa judaica da época. Mais especificamente, Pôncio Pilatos, o governador romano (procurador) da Judeia, foi quem sentenciou Jesus à morte e autorizou sua crucificação. Pilatos cedeu à pressão do Sinédrio (conselho dos sacerdotes e fariseus) e da multidão que clamava pela morte de Jesus, mesmo não encontrando nele culpa criminal grave. Assim, legalmente, pode-se dizer que “foram os romanos que mataram Jesus”, já que a crucificação era uma punição romana executada pelos soldados romanos. Os soldados pregaram Jesus na cruz e supervisionaram sua execução no Calvário.

 

Entretanto, a pergunta “quem matou Jesus?” pode ter outras camadas de resposta. Os evangelhos mostram que as autoridades judaicas (sumo sacerdote Caifás, anás, escribas e fariseus influentes) tiveram papel-chave em condená-lo. Foram eles que prenderam Jesus, o acusaram de blasfêmia por se declarar Filho de Deus e o entregaram a Pilatos com a acusação política de se autointitular rei (o “Rei dos Judeus”), o que soaria como traição a César. Pilatos, pressionado, concordou com a execução. Assim, tanto líderes judeus quanto autoridades romanas estão envolvidos conjuntamente na morte de Jesus. A responsabilidade humana recaiu sobre ambos os grupos: “os judeus (autoridades) o entregaram por inveja, e os romanos o crucificaram”, resumem alguns estudiosos.

 

Do ponto de vista teológico, porém, os cristãos creem que nenhum ser humano “tirou a vida” de Jesus contra Sua vontade; em vez disso, Ele a entregou livremente. Jesus mesmo disse: “Ninguém tira a minha vida; eu espontaneamente a dou” (João 10:18). Nesse sentido, pode-se dizer que nossos pecados “mataram” Jesus, pois Ele morreu para expiar as faltas de toda a humanidade. Foi o propósito de Deus que Jesus sofresse e morresse por nós – como um cordeiro sacrificial – e por isso, em última análise, a morte de Jesus ocorreu para cumprir um plano divino de salvação (Isaías 53 profetiza o sofrimento do Servo de Deus carregando as iniquidades do povo).

 

Resumindo: quem matou Jesus? Historicamente, foram os soldados romanos sob comando de Pilatos que o crucificaram, instigados pelos líderes religiosos judaicos que quiseram eliminá-lo. Teologicamente, porém, todos nós – representados por aqueles grupos – somos responsáveis, pois Jesus morreu pelos pecados de todos. Ainda assim, Ele entregou a vida voluntariamente, em obediência ao Pai e por amor à humanidade.  

Quem crucificou Jesus?

Esta pergunta é similar à anterior, mas vale esclarecer: quem crucificou Jesus fisicamente foram os soldados romanos. A crucifixão era um método de execução usado por Roma para criminosos e rebeldes. Os soldados que prenderam Jesus o levaram ao local chamado Gólgota (ou Calvário) e o pregaram na cruz, pregando também acima dele uma placa com a acusação “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus” em três idiomas (hebraico, latim e grego), por ordem de Pilatos. Esses soldados lançaram sortes sobre as vestes de Jesus e permaneceram ali até Ele expirar.

Portanto, não foram os judeus que o mataram diretamente – os líderes judeus não tinham autoridade legal para crucificar (por isso entregaram a Pilatos). Pilatos, como governador romano, mandou crucificar Jesus. Ele é o responsável legal que “lavou as mãos” mas permitiu a injustiça. Em suma, Pilatos e os romanos crucificaram Jesus.

 

Vale mencionar que a crucificação era considerada a forma de morte mais cruel e vergonhosa. Fontes históricas confirmam sua prática comum naquela região e época – Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, descreveu crucificações pelos romanos, e autores romanos como Cícero e Sêneca registraram o horror desse suplício. A vítima podia agonizar por horas ou dias pregada à madeira. No caso de Jesus, os relatos dizem que Ele morreu em cerca de seis horas, relativamente rápido, possivelmente devido aos sofrimentos prévios (flagelação intensa) ou pela determinação de cumprir sua missão divina.

 

Assim, enfatizando: Jesus foi crucificado pelos soldados romanos sob o comando de Pôncio Pilatos. Essa é a resposta direta de “quem o crucificou”.  

Por que mataram Jesus?

A pergunta sobre o motivo da morte de Jesus pode ser respondida em duas perspectivas: 

a histórica e a teológica, ambas importantes. 

Motivos históricos (humanos): Jesus foi morto porque sua mensagem e atuação incomodaram profundamente as autoridades da época. Os líderes religiosos judeus o viam como uma ameaça – Ele criticava sua hipocrisia, desafiava tradições e atraía multidões como possível Messias. Temiam também agitações políticas, pois o povo esperava um libertador. Quando Jesus foi a Jerusalém e foi aclamado como rei messiânico (Domingo de Ramos), isso alarmou o Sinédrio. Eles decidiram eliminá-lo para preservar sua posição e evitar problemas com os romanos (conforme João 11:47-50). Apresentaram-no a Pilatos como alguém que se autoproclamava “Rei dos Judeus”, o que podia soar como incitação rebelde contra César. Pilatos, embora cético quanto a qualquer crime, acabou cedendo à pressão para evitar tumultos. Assim, Jesus foi considerado um elemento perigoso porque seus ensinamentos afetavam diretamente as estruturas religiosas do Templo e poderiam gerar confusão entre o povo, algo que Roma não toleraria​. Em resumo, mataram Jesus por uma combinação de inveja religiosa e medo político: as autoridades judaicas o acusaram de blasfêmia e de falso messias, e as autoridades romanas o executaram para prevenir revoltas e afirmar sua própria autoridade​.  

Motivos teológicos (divinos): Na visão cristã, Jesus morreu porque era necessário para a salvação da humanidade. Sua morte teve um propósito redentor: Ele é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Na tradição judaica, sacrifícios de animais puros eram oferecidos para expiação dos pecados. Jesus veio cumprir de uma vez por todas esse sistema, entregando-se como sacrifício perfeito e definitivo. Como explica a teologia cristã, “Jesus foi morto para remir os pecados da humanidade”​ – Ele tomou sobre si a punição que nós merecíamos, estabelecendo uma nova aliança no Seu sangue para perdão dos pecados. Assim, na última ceia Jesus disse: “Este é o meu sangue, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados”. Na cruz, Ele carregou nossas culpas (veja Isaías 53). Portanto, mataram Jesus para que nós pudéssemos viver – foi um ato de amor de Deus, um plano de redenção. Como afirma o apóstolo Paulo, “Deus prova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).

Em síntese, Jesus foi morto porque seu testemunho confrontou poderes estabelecidos (motivo histórico imediato) e porque seu sacrifício cumpriu o plano de Deus para salvar o mundo (motivo teológico último. A crucificação de Cristo foi ao mesmo tempo o maior crime já cometido – matar o Justo e Santo – e o maior ato de amor já demonstrado, segundo a fé cristã. Aquilo que os inimigos de Jesus pretendiam como derrota acabou se tornando vitória: a morte de Jesus abriu caminho para a ressurreição e para a reconciliação entre Deus e os homens.  

Quem ajudou Jesus a carregar a cruz?

No caminho para a crucifixão, Jesus – já muito enfraquecido pelos espancamentos e pela noite sem dormir – teve dificuldade em carregar a pesada cruz (ou pelo menos a viga horizontal dela, chamada patibulum) até o Calvário. Os soldados romanos, notando que Ele mal conseguia prosseguir, forçaram um homem que vinha do campo, chamado Simão de Cirene, a ajudá-lo. Simão de Cirene foi então quem ajudou Jesus a carregar a cruz, aliviando-O parte do trajeto.

 

Cirene era uma cidade no norte da África (atual Líbia) com grande população judaica, portanto Simão provavelmente era um judeu da diáspora que estava em Jerusalém para a Páscoa. Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas mencionam esse ocorrido (Marcos 15:21, Mateus 27:32, Lucas 23:26). Marcos inclusive identifica Simão como pai de Alexandre e Rufo, sugerindo que esses filhos eram conhecidos na comunidade cristã – possivelmente se tornaram cristãos, indicando que a experiência de Simão marcou sua família.

 

O fato em si é breve, mas cheio de simbolismo: um homem comum carrega a cruz de Cristo por alguns passos. Para os cristãos, há nisso uma imagem do discipulado – Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Simão literalmente tomou a cruz de Jesus por um momento. Podemos ver ali uma representação de todos nós, chamados a participar dos sofrimentos de Cristo e segui-lo.

 

Portanto, a resposta objetiva: quem ajudou Jesus a carregar a cruz foi Simão, o cireneu. Ele foi constrangido pelos soldados a prestar esse auxílio na marcha até o Golgotha. A tradição cristã honra Simão de Cirene por esse serviço inesperado prestado ao Salvador.   

Que horas Jesus morreu?

Os Evangelhos registram com certa precisão o tempo da crucificação e morte de Jesus conforme a contagem horária judaica da época. Jesus foi pregado na cruz por volta da “hora terceira” do dia (Marcos 15:25), que corresponde aproximadamente às 9 horas da manhã. Houve trevas sobre a terra desde a hora sexta (meio-dia) até a hora nona (3 da tarde) (Marcos 15:33). E em algum momento próximo da hora nona Jesus bradou em alta voz e expirou (Marcos 15:34-37, Mateus 27:46-50).

 

Assim, podemos dizer que Jesus morreu cerca de 3 horas da tarde da sexta-feira da Páscoa. A “hora nona” para os judeus equivalia por volta das 15:00 no nosso relógio moderno. Logo após sua morte, houve um terremoto e outros sinais, e o corpo de Jesus foi retirado da cruz antes do entardecer (pois começaria o sábado judeu ao pôr-do-sol da sexta-feira).

 

Em resumo: Jesus morreu por volta das três horas da tarde (15h) de sexta-feira. Esse horário coincide com o momento em que, segundo a tradição judaica, os cordeiros pascais eram sacrificados no Templo para a celebração da Páscoa – uma bela sincronização simbólica, já que Jesus é chamado “Cordeiro de Deus”.

 

Essa precisão do horário nos mostra que Jesus ficou cerca de seis horas pendurado na cruz (das 9h às 15h). Foi um período de dor intensa, sede (Ele disse “tenho sede”), sentimentos profundos (bradou “Deus meu, por que me desamparaste?” citando o Salmo 22) e, por fim, de rendição confiante (suas últimas palavras foram “Está consumado” e “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”). Às três da tarde, aproximadamente, Jesus inclinou a cabeça e entregou o espírito. A escuridão sobrenatural que cobriu o céu do meio-dia às 15h se dissipou após sua morte. Os cristãos veem nesse momento o cumprimento de inúmeras profecias e o ato central da história da salvação.  

A ressurreição de Jesus Cristo

A história de Jesus não termina com sua morte na cruz. O ponto fundamental da fé cristã é a ressurreição de Jesus dentre os mortos no terceiro dia. A seguir, respondemos uma dúvida comum:  

Que dia Jesus ressuscitou?

Jesus ressuscitou no terceiro dia após sua crucificação, que aconteceu numa sexta-feira (conhecida como Sexta-feira Santa). Isso coloca a ressurreição no primeiro dia da semana seguinte, isto é, no domingo de manhã. De fato, todos os quatro Evangelhos relatam que ao amanhecer do domingo as mulheres seguidoras de Jesus foram ao túmulo e o encontraram vazio, sendo informadas por anjos que Ele havia ressuscitado. Por isso, os cristãos passaram a celebrar o Domingo de Páscoa como o dia da ressurreição de Cristo.

 

Em termos mais específicos: Jesus morreu na tarde de sexta-feira e foi sepultado rapidamente antes do início do sábado judaico (que começa ao pôr do sol da sexta). Permaneceu no sepulcro durante o sábado. Então, no amanhecer de domingo, Ele voltou à vida. Assim cumpre-se sua própria profecia de que “ao terceiro dia” ressuscitaria, contando os dias de forma inclusiva (sexta – primeiro dia, sábado – segundo, domingo – terceiro). Os cristãos frequentemente confessam: “ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras”.

 

Portanto, Jesus ressuscitou no domingo, bem cedo, no primeiro dia da semana. É por isso que o domingo se tornou o dia de culto para os cristãos, substituindo o sábado judaico – porque foi no domingo que o Senhor venceu a morte. Ainda hoje, a Páscoa cristã celebra anualmente esse acontecimento, e todos os domingos são, em certo sentido, uma celebração semanal da ressurreição.

 

Convém esclarecer que, embora alguns poucos grupos tenham outras teorias (por exemplo, de uma crucificação na quarta-feira para contabilizar 72 horas exatas até sábado), a ampla tradição e evidências bíblicas apontam para a crucificação na sexta e ressurreição no domingo. Marcos 16:9 é bem claro ao dizer: “Havendo Jesus ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana…”. Assim, não restam dúvidas de que o dia da ressurreição foi o domingo.

 

A vitória de Jesus sobre a morte no domingo de Páscoa é o evento que dá sentido à fé cristã. Como diz a Bíblia: “Os cristãos celebram a ressurreição no Domingo de Páscoa, o terceiro dia depois da Sexta-feira Santa, o dia da crucificação”. Sem a ressurreição, a morte de Jesus teria sido apenas mais uma tragédia. Mas com a ressurreição, os cristãos creem que Ele provou ser verdadeiramente o Filho de Deus  

“O Evangelho segundo Jesus Cristo” de José Saramago

A expressão “evangelho segundo Jesus Cristo” remete primeiramente aos quatro evangelhos bíblicos (segundo Mateus, Marcos, Lucas e João) que narram a vida de Jesus. Contudo, também é conhecida como o título de um famoso romance do escritor português José Saramago. “O Evangelho segundo Jesus Cristo” (1991) é uma obra de ficção na qual Saramago reconta a história de Jesus de Nazaré com uma visão crítica e humanizada, distinta da narrativa tradicional.

 

No romance de Saramago, vários elementos da vida de Jesus são reinterpretados de forma criativa e, por vezes, controversa. Ele explora Jesus de um ponto de vista muito humano – com dúvidas, medos, vivendo um relacionamento próximo com Maria Madalena, etc. – e apresenta um Deus distante e até manipulador nos bastidores. A obra questiona abertamente aspectos da religião: por exemplo, em certo ponto Saramago sugere que a pregação da cruz gerou séculos de sofrimento (aludindo às guerras religiosas). Frases do livro indicam a visão do autor de que “o problema não é Deus (que talvez não exista), mas a religião que tudo justifica em nome Dele”, chegando a afirmar: “Denuncio as religiões… por nocivas à Humanidade”.

 

Devido a esse conteúdo, “O Evangelho segundo Jesus Cristo” foi considerado ofensivo por muitos religiosos. Houve polêmica grande em Portugal – o governo chegou a vetar sua candidatura a um prêmio literário europeu por pressão da Igreja Católica, o que levou Saramago a se exilar voluntariamente na Espanha. Apesar das controvérsias, o livro recebeu elogios literários por sua qualidade narrativa e profundidade reflexiva. Saramago, ateu convicto, não pretendia escrever um evangelho de fé, mas sim usar a figura de Jesus para uma crítica das instituições religiosas e uma meditação sobre a condição humana.

 

Para quem se interessa por religião de forma geral, é importante entender que o “Evangelho segundo Jesus Cristo” de Saramago é uma obra de ficção literária, não um texto histórico ou teológico oficial. Ele reflete as opiniões do autor e não as da tradição cristã. Ainda assim, pode ser uma leitura instigante para pensar sobre a figura de Jesus por outro ângulo – embora, obviamente, não represente o Jesus dos Evangelhos canônicos. Muitos crentes discordam profundamente da visão de Saramago, mas reconhecem seu talento literário.

 

Em resumo, O Evangelho segundo Jesus Cristo (romance) é uma releitura novelística da vida de Jesus escrita por José Saramago, com forte tom crítico à religião. Enquanto os evangelhos bíblicos apresentam Jesus como Filho de Deus e Salvador, o livro de Saramago apresenta Jesus como um homem a quem o destino divino escapa do controle, levantando questões polêmicas. Essa obra nos lembra que Jesus continua sendo uma figura que inspira não apenas devoção, mas também criatividade artística e debates intensos – cada autor ou pensador, ao longo da história, busca responder à sua maneira à pergunta “Quem é Jesus?”.  

“O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado”

Uma frase muito conhecida no meio cristão, extraída de 1 João 1:7, afirma que “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. Mas o que significa isso exatamente? Aqui entramos no campo da teologia espiritual: é uma forma de expressar o poder do sacrifício de Cristo para perdoar e limpar os pecadores.

 

Na Bíblia, “sangue” simboliza a vida (Levítico 17:11) e o derramamento de sangue simboliza morte sacrificial. Quando se diz que o “sangue de Jesus nos purifica”, refere-se à morte de Jesus na cruz como o ato que limpa nossos pecados e nos reconcilia com Deus. Assim como, nos rituais antigos, o sangue de um cordeiro sem defeito expiava simbolicamente a culpa do povo, Jesus derramou seu sangue para obter perdão real e definitivo. Ele foi o sacrifício perfeito oferecido em nosso lugar. Portanto, “nos purificar de todo pecado” significa que não há pecado tão grave que não possa ser perdoado por Deus através do sacrifício de Cristo. Quando alguém se volta para Jesus com fé, seu sangue “espiritual” o lava de todas as culpas – a pessoa é perdoada e torna-se limpa aos olhos de Deus.

 

É claro que não se trata de uma purificação física literal. Como bem coloca Caio Fábio em uma de suas reflexões, “o Sangue que purifica de todo pecado não é um líquido; é uma oferta de amor perdoador”. Ou seja, não devemos pensar magicamente no elemento material “sangue”, mas no ato de amor e graça que ele representa. Deus, em sua misericórdia, decidiu perdoar nossos pecados por meio do sacrifício de Cristo – esse propósito de perdão já existia no coração de Deus desde a eternidade, manifestando-se historicamente na cruz. O “sangue de Jesus” é uma metáfora para o preço da nossa redenção, preço esse pago por Jesus em favor de muitos.

 

Em termos práticos, para um cristão essa frase traz imensa consolação: não importa quão manchada esteja a consciência de alguém, ele pode achegar-se a Deus confiante de que o sangue de Jesus tem poder para purificá-lo de todo pecado (1 João 1:7). Isso exige, claro, arrependimento e fé. O mesmo trecho bíblico diz: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele (Deus) é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).

 

Então, em resumo, quando dizemos que “o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado”, queremos dizer que o sacrifício de Jesus na cruz nos limpa de todas as nossas culpas diante de Deus. É uma afirmação central do Evangelho: por nossos próprios méritos, não conseguiríamos perdão, mas o sangue de Cristo foi derramado para nos obter perdão pleno. Como resultado, quem crê em Jesus é visto como justo, puro e santo aos olhos de Deus – não por causa de si mesmo, mas por causa do que Jesus fez.

 

Caio Fábio, aprofundando esse conceito, explica que essa oferta de perdão pelo sangue de Cristo é tão fundamental que precede até a criação: “O Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo” (Apocalipse 13:8), indicando que Deus sempre teve o plano da graça. Para Caio, a crucificação foi o cenário visível desse perdão, mas a decisão de perdoar já estava tomada em Deus desde sempre. Isso significa que podemos viver sem a culpa opressora – “é a certeza da Graça eterna que nos dá paz para viver na terra”, declara ele. Em outras palavras, graças ao sangue de Jesus, temos acesso ao perdão divino infinito e podemos recomeçar purificados.  

Conclusão: Quem é Jesus para nós hoje?

Vimos Jesus em diversas facetas – histórico, milagreiro, mestre, Messias sofrido, ressuscitado glorioso. Mas a pergunta “Quem é Jesus?” não é apenas teórica; ela se dirige ao nosso coração e exige uma resposta pessoal. O próprio Jesus perguntou aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Marcos 8:29). Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, resposta que constitui o alicerce da fé cristã até hoje.

 

Para milhões de pessoas ao longo dos séculos, Jesus Cristo é o Salvador e Deus encarnado, aquele que deu sentido à vida e trouxe reconciliação com o Criador. Sua influência transcende religiões: mesmo pessoas de outras crenças ou sem religião frequentemente o admiram como um grande exemplo ético de amor, humildade e serviço. Jesus inspira obras de caridade, movimentos de justiça e obras de arte em todas as culturas.

 

Ao mesmo tempo, Jesus continua provocando decisão. Não dá para ficar indiferente a Ele. Após todos os fatos e reflexões apresentados, cada leitor é convidado a fazer sua própria avaliação: Quem Jesus é para mim? Um simples profeta? Um mito? Ou de fato o Filho de Deus que mudou a história?

 

Caio Fábio costuma destacar que Jesus não veio fundar uma nova religião institucional, mas sim mostrar “O Caminho” – um caminho de relacionamento amoroso com Deus e com o próximo. Em suas palavras, “Jesus não é um líder religioso” no sentido convencional; Ele é o Senhor da vida, que chama cada pessoa a uma espiritualidade sincera, sem hipocrisia, baseada no amor. Ele ensina que seguir Jesus não se resume a rituais, mas a amar a Deus e ao próximo de verdade. Como diz a Bíblia: “Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 João 4:8), e Caio Fábio complementa que “quem ama ao próximo… conhece a Deus e nasceu de Deus” – mesmo que às vezes nem tenha plena consciência disso.  

Portanto, Jesus é, em última análise, Amor encarnado. Seu chamado permanece: venha a mim, siga-me, creia em mim. Conhecer Jesus é muito mais que saber os fatos de sua vida; é experimentar a presença viva dEle. Para os cristãos, Ele não está morto num túmulo – “ressuscitou, está vivo para sempre”. E conforme a promessa no Evangelho de Mateus 28:20, “Eis que estou convosco todos os dias”. Essa presença tem transformado vidas ao longo dos séculos.

 

Concluindo, Quem é Jesus? Jesus Cristo é Deus que se fez homem , o Salvador que morreu e ressurgiu por nós, o Messias prometido que cumpriu as profecias, o Mestre cujas palavras nunca passam. Ele é o único digno de ser chamado de Senhor. Ele mesmo afirmou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Cabe a cada um de nós acolher essa verdade.

 

A figura de Jesus continua inspirando fé, esperança e amor no mundo inteiro. Seu legado é visto na vida de seus seguidores sinceros, que buscam imitar seu caráter – perdoando inimigos, servindo humildemente, promovendo a paz. Para finalizar com uma bela síntese na perspectiva de Caio Fábio: Jesus é o Deus humilde e manso que ama a sinceridade. Ele não rejeita quem o procura de coração aberto. Pelo contrário, Ele diz: “o que vem a mim de modo nenhum lançarei fora” (João 6:37).

 

Assim, o convite permanece de pé: conhecer a Jesus não apenas de ouvir falar, mas de se relacionar com Ele hoje, em espírito. Descobrir em Jesus não um mito distante, mas um Amigo verdadeiro e Salvador. Essa descoberta tem mudado vidas desde o primeiro século até os dias de hoje – e pode mudar a minha e a sua também. Quem é Jesus? Para muitos de nós, com alegria podemos responder: Jesus é meu Senhor e meu Deus!  

Referências:

  • Bíblia Sagrada (Evangelhos e Novo Testamento) – Passagens diversas conforme citadas.
  • Caio Fábio, “Não consigo ver Jesus como Deus, mas sei que Ele foi fundamental…” – Reflexão (2015)​com.brcaiofabio.com.br.
  • Caio Fábio, “A Eterna Cruz” – Artigo (2003)​com.br.
  • com.br“Como morreram os discípulos de Jesus?” (acesso em biblia.com.br)​biblia.com.brbiblia.com.br.
  • Bíblia Online (Bibliaon.com)“O primeiro milagre de Jesus: água em vinho”com; “Milagres de Jesus – 40 milagres”bibliaon.combibliaon.com.
  • com.br“O que significa a hora nona?” (contagem de horas bíblicas)​respostas.com.brrespostas.com.br.
  • com.br“Como Jesus morreu, por que e onde Cristo foi morto?”, artigo de 11/04/2020​loucoporviagens.com.brloucoporviagens.com.br (motivos teológicos e históricos da morte de Jesus); e “Quem mandou matar Jesus?”loucoporviagens.com.br (Pilatos como responsável legal).
  • Dicionário de Nomes Próprios – Significado do nome Jesus​com.br.
  • El País Brasil – Juan Arias, “Ainda não sabemos quem nem por que mataram Jesus” (24/03/2016)​elpais.combrasil.elpais.com (discussão histórica sobre culpa na morte de Jesus).
  • Wikipédia (pt) – “Batismo de Jesus”wikipedia.org; “Negação de Pedro”pt.wikipedia.org; “Ressurreição de Jesus”pt.wikipedia.org; “O Evangelho segundo Jesus Cristo” (romance de Saramago)​pt.wikipedia.orgpt.wikipedia.org.
  • Missão Atos 4 – Antonia Oliveira, “O beijo da traição” (reflexão sobre Judas)​commissaoatos4.com.
  • com“Pedro nega Jesus 3 vezes: passagem bíblica” (Lucas 22:54-62)​pt.wikipedia.org.
  • Dicionário Bíblico – Contextos culturais sobre crucificação (citações de Josefo, Cícero, etc.)​com.br
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